Lançamento do Comitê em Defesa dos Correios

Nesse dia 21 de maio de 2025, foi dado um passo importante na luta em defesa dos Correios! Na Câmara dos Deputados federais foi realizada uma grande audiência pública, onde foi lançado oficialmente o Comitê em Defesa dos Correios.

Esse é mais um espaço construído com trabalhadores, parlamentares e movimentos sociais para enfrentar o desmonte da ECT. Com coragem e unidade, mostramos que os ecetistas não aceitam privatização, sucateamento nem a retirada de nossos direitos. Queremos um Correios público, valorizado e a serviço do povo brasileiro! Seguimos firmes, de cabeça erguida, construindo com as bases cada passo dessa caminhada.

Estiveram presentes autoridades parlamentares, sindicais e entidades associativas, como o Deputado Federal Leonardo Monteiro, Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Correios; a Deputada Federal Érika Kokay; O Deputado Federal José Neto; a Deputada Federal Dandara, dentro outras expressões nacionais.

Jailson Pereira, Vice-presidente da ANNEC

Jailson Pereira (Vice-Presidente da ANNEC)

Boa tarde a todos.
Falar dos Correios é falar da história do Brasil. Desde sua fundação, esta empresa tem desempenhado papel essencial.
Em todas as tragédias — enchentes, desastres ambientais — lá estão os carteiros, levando socorro e dignidade.
Os Correios representam soberania e integração nacional.
Hoje, enfrentamos déficits contábeis, mas isso precisa ser analisado com cautela. A empresa tem mais de 11 mil agências. Apenas cerca de 324 são superavitárias — ou seja, mais de 97% são deficitárias, pois atuam onde o mercado privado não chega.
É uma obrigação social.
Nosso país é profundamente desigual. E os Correios estão em todos os municípios — 5.575 ao todo. Sendo assim, a ECT desempenha um papel essencial para o crescimento econômico brasileiro para além das área metropolitanas.

Há cidades em que os Correios são o único ente da União presente. Portanto, somos mais do que uma empresa. Somos sim a integração do povo brasileiro ao Brasil.

(continuação…) 

Temos algumas propostas:

  1. Que a União devolva os R$ 3,8 bilhões repassados pelos Correios ao Tesouro Nacional como antecipação de dividendos. Esse recurso, se corrigido, poderia garantir fluxo de caixa pelos próximos dois anos.

  2. Que os Correios sejam efetivamente utilizados como operador logístico do governo federal. Estudos de 2021 apontam que isso geraria até R$ 65 bilhões em receita.

  3. Que os passivos trabalhistas herdados do governo Bolsonaro sejam quitados com apoio do governo federal.

  4. Que se revise a política de taxação das encomendas internacionais — especialmente as de até 150g — que representavam importante fonte de receita.
    Privatizar os Correios seria criar um apagão postal. As empresas privadas operam só nos centros urbanos. Para enviar algo ao interior do Brasil, usam os Correios.
    Portanto, defender esta empresa é defender o Brasil.

Muito obrigado.

Romeu Maluhy, Diretor de Relações Institucionais da annec, ao lado do Deputado Federal Leonardo Monteiro, Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Correios

Emerson Marinho (Secretário Geral da FENTECT)

O momento que nós vivenciamos é de muita dificuldade, como relatado pelas mídias. Precisamos tratar de ações para superar esse momento pela ótica dos trabalhadores. Como foi bem colocado, não dá para discutir valorização dos trabalhadores enquanto se adotam medidas que contrariam o projeto eleito em 2022.
Não podemos aceitar ataques aos direitos como férias, garantias fiscais, redução de carga horária com redução salarial. Isso não dialoga com o momento difícil que vivemos. A crise nos Correios vem de um processo de sucateamento desde 2016.
Durante o governo Bolsonaro, a tentativa de privatização se acentuou. Criamos um comitê em defesa dos Correios, com apoio do senador Otto Alencar, o deputado Caetano e o então líder do PT no Senado, Paulo Rocha.
Com a eleição do presidente Lula, conseguimos enterrar esse projeto de privatização. Agradecemos ao presidente Lula por, pela segunda vez, retirar os Correios de um processo de privatização (a primeira vez foi em 1999, quando Fernando Henrique tentou com o projeto de lei 1491/99).
Enfrentamos um cenário diferente do passado: antes, tínhamos o monopólio postal garantido constitucionalmente, o que sustentava 90% da receita. Hoje, além da perda do monopólio, há diversificação de negócios, e precisamos saber qual será o investimento do governo Lula.
Lançamos este comitê para afirmar que, independente da política, os Correios são patrimônio do povo. Empresa pública não é feita para dar lucro, é para servir à população. O lucro é bem-vindo, mas o papel social é mais importante. Isso ficou claro nas tragédias naturais em Minas, Brumadinho, Mariana, Bahia e agora no Rio Grande do Sul, onde os Correios garantiram dignidade e insumos básicos.
Por isso, confiamos na sensibilidade do governo e dos parlamentares aqui presentes para apresentar um plano de recuperação da empresa, com investimento público.
Quero parabenizar todos os trabalhadores que resistem, que seguem prestando um serviço de excelência, mesmo com ameaça de atraso salarial. Este comitê é o pontapé para uma grande parceria com esta Casa, a casa do povo, para recolocar os Correios no lugar de destaque e confiança da população.

Amanda Gomes Corcino (Presidente do SINTECT/DF)


Boa tarde a todos. Quero cumprimentar o deputado Zé Neto, a deputada Érika, os colegas da mesa, os companheiros dos sindicatos, e minhas colegas de trabalho.
Parabenizo pela retomada deste comitê. No governo passado, fizemos um bom trabalho na Câmara e no Senado mostrando a importância da empresa pública Correios.
A empresa não é apenas logística. Ela entrega cidadania. Ela entrega livros didáticos, medicamentos, logística do ENEM. Nossa vida nos Correios nunca é fácil.
Achávamos que, vencida a ameaça da privatização, teríamos tranquilidade para recuperar direitos perdidos — mas agora enfrentamos o déficit financeiro.
Esse déficit foi causado, principalmente, pela mudança na taxação das encomendas internacionais. Antes, os Correios realizavam 98% dos desembaraços de encomendas até 150g. Hoje, esse prejuízo já chega a quase R$ 2 bilhões, podendo chegar a R$ 4 bilhões até o fim do ano.
Somos gratos ao presidente Lula por mais uma vez impedir a privatização. Mas o governo precisa estar atento. O Ministério da Fazenda pode aplicar uma alíquota diferenciada, como já foi feito nos EUA na gestão Trump, favorecendo as postagens feitas por correios estatais.
Enquanto a receita não melhora, o governo deve aportar recursos. Não é apenas a operação que está sendo afetada — vidas estão em risco. Cirurgias estão sendo desmarcadas, tratamentos de câncer sendo cancelados.
Tudo isso afeta a saúde pública e a dignidade dos trabalhadores.
Portanto, estamos aqui para dizer que, além da sensibilização no Parlamento, precisamos da sensibilização do governo.
Tirar da privatização é fundamental, mas também é preciso investimento para que a empresa não vá à ruína.

Priscilla Rocha (Diretora ADCAP Brasília)

Boa tarde a todas e todos.
Como sabemos, a crise financeira enfrentada pelos Correios tem gerado grande preocupação entre os trabalhadores. Sem uma sinalização oficial de apoio, cresce o temor de que haja atrasos salariais e até possíveis demissões.
Mais do que uma empresa de entregas, os Correios representam um serviço essencial que leva cidadania a todo o povo brasileiro, especialmente às regiões mais afastadas e carentes.
Para nós, empregados dos Correios, a empresa é uma família. Em muitos locais, ela é a única presença do Estado, garantindo acesso à comunicação, ao comércio e a direitos básicos.
Os efeitos da crise já são sentidos pela população, com atrasos nas entregas e redução do funcionamento de agências.
Cobramos transparência e medidas urgentes que assegurem não apenas a continuidade dos serviços, mas também a preservação dos nossos empregos e da dignidade dos que mantêm a empresa funcionando.
Nós, da ADCAP-DF, apoiamos a defesa dos Correios como uma empresa forte, valorizada. Oferecemos suporte aos funcionários — seja com ações sindicais, assessoria jurídica, contábil, questões trabalhistas ou de plano de saúde.
Estamos juntos nesta causa. Juntos, somos mais fortes.
Muito obrigada.

Fábio Souza (Diretor da ANATECT)

Boa tarde a todos os amigos e companheiros.
Participei da Frente em Defesa dos Correios no Senado. Fizemos vários estudos econômicos, inclusive com uma associação voltada à gestão da empresa. Sempre buscamos olhar para o passado, presente e futuro dos Correios, para pensar em alternativas sustentáveis e manter sua competitividade.
Pesquisei inclusive a história dos Correios. Eles enfrentaram dificuldades em diversos momentos: na década de 1980, nos anos 1990 com o governo FHC, e agora recentemente.
Historicamente, os Correios deram lucro principalmente durante os governos do PT. É importante ressaltar: serviço postal no mundo inteiro não é altamente lucrativo. Ele tem custo alto e margens pequenas.
Mesmo assim, os Correios brasileiros eram competitivos e lucrativos até 2020. A empresa recebia cerca de R$ 1 bilhão por ano em isenções tributárias, mas o custo da universalização ultrapassa R$ 6 bilhões.
Até 2020, as receitas dos grandes centros urbanos bancavam o prejuízo das unidades deficitárias — cerca de 5.100 municípios. Mas nos últimos três anos, a concorrência aumentou e abocanhou os mercados lucrativos, deixando os Correios com a parte mais difícil.
Hoje, não temos capital de investimento, nem fluxo de caixa. A situação é grave. Os Correios precisam de um modelo de financiamento para manter a universalização.
Outros países têm fundos de universalização postal, onde todas as empresas do setor contribuem. No Brasil, ainda não temos isso.
Enquanto isso, a carga está parada. O cliente desiste. Entramos numa bola de neve.
Precisamos discutir com o Congresso Nacional, com o governo, e encontrar um modelo sustentável de financiamento.
Sem isso, os Correios vão colapsar.
Muito obrigado.

Deputada Érika Kokay (PT-DF)

Boa tarde.
Quero, primeiro, parabenizar a Frente Parlamentar pela realização desta discussão, que é fruto da luta dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios.
Estivemos muito perto da privatização. Isso só foi evitado graças à luta constante da categoria e porque o povo brasileiro derrotou o fascismo ao eleger Luiz Inácio Lula da Silva.
Quando se retoma um projeto de desenvolvimento nacional, é preciso pensar em logística. E os Correios são uma empresa de logística em um país continental.
A empresa promove o chamado subsídio cruzado — está presente em todos os cantos do Brasil, mesmo que menos de 10% de suas agências sejam superavitárias.
Precisamos compreender o que aconteceu em 2016, quando houve a antecipação de dividendos. Isso gerou uma dívida da União com os Correios. Se compreendemos a importância da empresa, precisamos repartir responsabilidades.
São os Correios que entregam remédios de alto custo, que transportam as provas do Enem — que carregam, enfim, cidadania.
Também precisamos escutar quem constrói a empresa todos os dias: os trabalhadores.
Quando o Banco do Brasil passou por uma crise, criou-se um Comitê Estratégico Participativo, com participação de seus funcionários. Dali saíram propostas concretas para superar a crise.
Penso que devemos seguir exemplo semelhante. Precisamos estabelecer um grupo de trabalho vinculado à frente parlamentar, com participação das entidades e dos trabalhadores.
Temos um projeto de lei que estabelece a obrigatoriedade da contratação dos Correios como operador logístico do Estado.
Não podemos aceitar soluções fáceis e falsas, como a retirada de direitos trabalhistas para resolver crises que não foram provocadas pelos trabalhadores.
Os Correios pertencem ao povo brasileiro. São uma empresa histórica e essencial para o desenvolvimento nacional.
Devemos formular propostas concretas e apresentar ao governo — inclusive sobre o custo da universalização dos serviços postais.
Viva os Correios! Viva os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios!

Ademir Loureiro (FAACO – Representante dos Aposentados dos Correios)

Boa noite a todos.
Quero cumprimentar a mesa em nome do deputado Zé Neto e da companheira Amanda, e parabenizar o companheiro Emerson e o movimento sindical dos Correios.
Já participamos deste debate outras vezes. Estou nesta empresa há quase 50 anos. Entrei em 29 de março de 1975.
A discussão sobre privatização não é nova. Ela vem de longe, como vimos com outras estatais. E se tivéssemos perdido a eleição, os Correios já estariam nas mãos da iniciativa privada.
É preciso ter consciência política neste momento. Enfrentamos, no passado, figuras como Antônio Carlos Magalhães e Rocha Lima. Fui demitido três vezes e resistimos.
A categoria dos Correios é uma das mais combativas do país.
Mas temos que cobrar do governo que elegemos. Não podemos continuar com cargas paradas, carteiros sobrecarregados e sem valorização.
Os aposentados, como eu, estão junto com os ativos nessa luta.
Hoje a direita entra nas unidades, tira fotos de viaturas sucateadas para fazer propaganda negativa. E tem dirigente sindical que acha isso engraçado.
Temos que dar respaldo aos parlamentares que nos defendem aqui.
Devemos sim cobrar do governo: salário justo, benefícios preservados e um plano de saúde decente. Nosso plano, que já foi gratuito, hoje é mais caro do que o da iniciativa privada.
A responsabilidade é do governo federal. Ele precisa encontrar meios de recuperar a empresa.
Estamos aqui em nome da FAACO, da FENTECT, e das associações de aposentados.
Reforçamos a importância de diálogo direto com o governo. Queremos que essa empresa volte a ser a número 1 do país em credibilidade.
Essa é a mensagem dos aposentados.
Muito obrigado.

Deputado Zé Neto (PT-BA)

Boa noite a todos e todas.
Quero agradecer muito a presença dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios nesta tarde e noite. Se hoje estou aqui como deputado, é também por apoio de muitos de vocês.
A crise dos Correios não é causada apenas pela taxação das encomendas internacionais. É algo mais profundo.
Os marketplaces se fortaleceram enormemente nos últimos anos, dominando o mundo digital e econômico. Isso não é só um problema do Brasil — é uma disputa global.
Precisamos apresentar uma proposta concreta ao governo e buscar apoio político para garantir a sobrevivência dos Correios.
Tenho convicção de que esta empresa tem vitalidade, credibilidade e história.
Devemos construir unidade. É hora de buscar o apoio do governo federal e dos setores econômicos — inclusive conservadores — que reconhecem o valor dos Correios para a integração nacional.
A capilaridade da empresa, que hoje representa custo, também é seu maior ativo. Ela permite que os Correios estejam presentes em mais de 5 mil cidades do Brasil, enquanto apenas 400 agências dão lucro.
Essa presença é o que permite entregar livros, remédios, urnas, cidadania.
Precisamos fazer dos Correios um grande marketplace público. Atrair investimentos, modernizar, buscar apoio legislativo e aportes.
Sem os Correios, o prejuízo para a saúde, educação, economia e soberania do país seria enorme.
Estamos defendendo uma empresa pública que serve ao povo. E temos que fazer isso com equilíbrio, fora da disputa política partidária.
A Frente Parlamentar vai continuar atuando, inclusive com audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico.
Temos que levar isso com responsabilidade histórica.
Os Correios não podem fechar as portas.
Vamos lutar juntos por essa empresa, que é orgulho nacional.

Reportagem da Equipe de Imprensa da AACB.

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